Natividade de Maria - Meditação - Santo Afonso Maria

Natividade de Maria - Santo Afonso Maria

- Quem é esta que avança quando a aurora se levanta? -

“As trevas do paganismo e à falta de fé dos judeus, representadas pelo templo de Salomão, sucede o dia luminoso no templo de Maria. É justo, portanto, cantar este dia e Aquela que nele nasceu. Mas como poderíamos celebrá-la dignamente? Podemos narrar as façanhas heroicas de um mártir ou as virtudes de um santo, porque são humanas. Mas como poderá a palavra mortal, passageira e transitória exaltar Aquela que deu à luz a Palavra que fica? Como dizer que o Criador nasce da criatura?”

Antes que nascesse Maria, jazia o mundo perdido nas trevas do pecado, mas com o nascimento de Maria despontou a aurora. Foi de Maria que se disse: «Quem é esta que vai caminhando como a aurora quando se levanta?» Assim como, no despontar da aurora, a terra se alegra, porque a aurora é a precursora do sol; assim no nascimento de Maria alegrou-se o mundo inteiro, porque ela é a precursora do Sol de justiça, Jesus Cristo, que havia de ser seu Filho, afim de nos salvar pela sua morte. É, pois, com razão que a Igreja canta: 

"A tua Natividade, ó Virgem Mãe de Deus, anunciou gozo ao mundo inteiro; porque de ti nasceu o Sol da justiça, que nos deu a vida eterna. Com o nascimento de Maria nasceu-nos o nosso remédio, a nossa consolação e a nossa salvação; pois por meio de Maria é que recebemos o Salvador."

Em um de seus arrebatadores sermões dedicados a Nossa Senhora, São Tomás de Villanueva ensina: “Era necessário que a Mãe de Deus fosse também puríssima, sem mancha, sem pecado. E assim não apenas quando donzela, mas em menina foi santíssima, e santíssima no seio de sua mãe, e santíssima em sua concepção. Pois não convinha que o santuário de Deus, a mansão da Sabedoria, o relicário do Espírito Santo, a urna do maná celestial, tivesse em si a menor mácula. Pelo que, antes de receber aquela alma santíssima, foi completamente purificada a carne até do resíduo de toda mancha, e assim, ao ser infundida a alma, não herdou nem contraiu pela carne mancha alguma de pecado, como está escrito: “Fixou sua habitação na paz” (Sl. LXXV, 3). Quer dizer, a mansão da divina Sabedoria foi construída sem a inclinação para o pecado.

Sendo, pois, esta criancinha destinada a ser Mãe do Verbo Eterno, Deus a enriqueceu de tamanha graça que, desde a sua imaculada Conceição, a sua santidade excedia a de todos os santos e anjos juntos. Ela recebeu uma graça de uma ordem superior, proporcionada à dignidade de Mãe de Deus.

Ó Menina santa, ó cheia de graça, eu, miserável pecador, vos saúdo e venero. Sois a predileta, as delícias de Deus; tende piedade de mim, que pelos meus pecados me tornei objeto de ódio e abominação aos olhos de Deus. Ó Virgem puríssima, desde a vossa infância soubestes de tal forma cativar o Coração de Deus, que ele nada vos recusa, e faz tudo o que vós lhe pedis. Em vós ponho todas as minhas esperanças.

† Ó Maria, que sem mancha entrastes no mundo, obtende-me de Deus que eu possa sair dele sem pecado[1].
- 𝑷é𝒓𝒐𝒍𝒂𝒔 𝑨𝒗𝒆 𝑴𝒂𝒓𝒊𝒂𝒔 -

O Pe. Manuel Bernardes nos apresenta Maria no seio materno sempre santa: “Uma pérola deu a Rainha Cleópatra a Marco Antônio, que se avaliava em muitos mil talentos. Em quanto avaliaremos nós esta pérola animada, que se formou na concha do ventre de Santa Ana? Há nas Índias pérolas, que, em razão de sua diferente grandeza e figura, se chamam pérolas Ave Marias e pérolas Padre-nossos. Ó que ricas Índias se descobrirão hoje na casa da gloriosíssima e felicíssima mãe Santa Ana, donde nos veio tal pérola Ave Maria, que nos deu tal pérola Padre Nosso? 

Por certo que ainda que todo o firmamento fosse um livro (como o considera São João no Apocalipse), e se escrevesse todo de letras de algarismo, não somariam o valor destas duas pérolas. Porque, enfim, como dizíamos, e é certo, tudo o que devemos a Cristo Filho de Deus, devemos por conseguinte a Maria, escolhida para Mãe de Deus, e que foi a que deu pés a Deus, para andar com os homens na Terra”.

Santa e celeste Menina, já que fostes destinada a ser a Medianeira dos pecadores, eia, exercei o vosso ofício; intercedei por mim. É verdade que, pelas minhas ingratidões mereci ser abandonado por vós; mas não quero que os meus pecados me impeçam de confiar em vós, porque tanto agradais a Deus, que nada vos recusa, e sei também que gostais de usar da vossa elevação para aliviar os mais culpados.

Ó criatura, a mais sublime do universo, diante de quem são mui pequenos os grandes do céu; ó Santa dos santos, ó Maria, abismo de graça e cheia de justiça, socorrei um miserável que a perdeu por sua culpa. Eia, pois, fazei ver quanto seja grande o crédito que possuis junto de Deus; obtende-me uma luz e chama tão poderosas, que me troquem de pecador em santo, e, desapegando-me de todo afeto terreno, me abrasem todo de amor para com Deus. Fazei-o, pois o podeis, ó Soberana minha, fazei-o pelo amor deste Deus que vos tornou tão grande, poderosa e piedosa.

«Rogo-Vos, ó meu Deus, que concedais a mim, vosso servo, o dom da graça celeste, para que, assim como o parto da Santíssima Virgem foi para mim o princípio da salvação, também a festiva solenidade do seu Nascimento me dê aumento de paz»[2]. (*I 343.)

[1] Indulgência de 100 dias.
[2] Or. festi.

*Foram acrescidos algumas citações de Santos ao texto original de Santo Afonso

Fontes:




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