Meditação - As 7 dores de Maria por Santo Afonso
#SábadodeMaria #NossaSenhoradasDores #SantoAfonsoMaria
#Reflexão
AS 7 DORES DE MARIA - (POR SANTO AFONSO, GLÓRIAS DE MARIA)
- 1ª Dor de Maria - Profecia de Simeão -
Disse a Virgem a S. Matilde que essa profecia se lhe mudou toda alegria em tristeza. Efetivamente, como foi revelado a S. Teresa, a bendita Mãe sabia dos sacrifícios que seu Filho devia fazer da vida para a salvação do mundo. Mas naquele momento, de um modo mais particular e distinto, conheceu as penas e a cruel morte, reservada a seu pobre Filho no futuro.
Maria recebeu com suma paz a profecia sobre a morte do Filho, e continuou a sofrer sempre em paz. Mas, vendo sempre diante dos olhos aquele amável Filho, que dor sentiria então continuamente!
Grande foi o tormento de Abraão durante 3 dias de jornada para o monte Moriá, com seu amado Isaac, ciente de que ia perdê-lo. Entretanto, ó Deus! não três dias, mas trinta e três anos, sofreu Maria pena semelhante. Maria revelou a S. Brígida não ter vivido um momento na terra, em que não fosse dilacerada por essa dor.
A aflita Mãe sabia de todos os pormenores das penas preparadas a seu Filho. Ao dar-lhe de beber, pensava no vinagre e no fel que haviam de oferecer. Ao envolvê-lo em faixas, já em mente antevia as cordas de sua prisão. Ao carregá-lo nos braços, recordava a cruz de sua crucificação. Ao vê-lo dormindo, lembrava-se do sono da morte que o esperava.
Ora, se Jesus crescia em estima e amor para os homens, quanto mais então para sua Mãe Santíssima! Mas, ah! com o aumento do amor, mais aumentava também a dor, à só lembrança de perder esse Filho por uma tão cruel morte. E quanto mais se aproximava o tempo da Paixão, mais cruelmente a espada, predita por Simeão, atravessava o coração materno de Maria."
- 2ª Dor de Maria - Fuga para o Egito -
"Logo conheceu a aflita Mãe como já começava a verificar-se no Filho a profecia de Simeão.Viu que, apenas nascido, já o perseguiam e queriam matar. 'Que pesar para o coração de Maria, escreve S. Pedro Crisólogo, ao ouvir a intimação do cruel exílio, ao qual ela e o Filho eram condenados! Foge dos teus para os estranhos, do templo do verdadeiro Deus para a terra dos ídolos!'.
A viagem durou pelo menos trinta dias,era o caminho desconhecido. difícil e pouco frequentado. Estava no inverno e a Sagrada Família teve de viajar debaixo de aguaceiros, neves e ventos, por estradas alagadas e lamacentas. Meu Deus! como excita a compaixão ver essa tenra virgenzinha, com esse Menino recém-nascido ao colo, fugindo por esse mundo!
No Egito sofreram extrema pobreza, durante sete anos que permaneceram escondidos. Eram estrangeiros, desconhecidos, sem rendimentos, sem dinheiro e sem parentes.
Jesus e Maria passaram pelo mundo como fugitivos. Eis uma lição para nós. Temos de viver na terra como peregrinos, sem apegos aos bens que o mundo nos oferece. Pois depressa teremos de deixá-los para passarmos à eternidade.
'Toma o Menino e sua Mãe', disse o anjo a S. José. Aquele que traz com amor a esse Filho e a essa Mãe em seu coração, tornam-se leves e até suaves e agradáveis todas as penas. Amemo-los portando; consolemos Maria, acolhendo em nosso coração a seu Filho, que hoje ainda continua a ser perseguido pelos pecados dos homens."
- 3ª Dor de Maria - Perda de Jesus -
"Quem é cego de nascença, pouco sente a privação da luz do dia. Mas quem já teve vista e gozou da luz, muito sofre vendo-se privado pela cegueira. O mesmo se dá com as almas que estão espiritualmente cegas por causa do pó das coisas deste mundo. Pouco conhecem a Deus e pouco sentem a pena de não o encontrar. Mas aquele que, iluminado pela luz celeste, foi achado digno de alegrar-se simultaneamente do amor e da presença do Sumo Bem, esse sofre amargamente, quando se vê privado de tudo isso. Por aí medimos quanto foi dolorosa para Maria essa terceira espada de dor. Estava acostumada à contínua alegria da doce presença de Jesus, e eis que agora o perde em Jerusalém e dele se vê longe, durante três dias.
Maria nas outras dores tinha Jesus consigo. Padeceu amargamente pela profecia de Simeão no templo. Padeceu na fugida para o Egito, mas sempre com Jesus. Na presente dor, porém, sofreu longe de Jesus e sem saber onde ele estaria.
Que longos foram esses três dias para Maria, a quem eles pareceram três séculos. Dias cheios de amargura, em que nada a podia consolar!
Sofria a Mãe dolorosa vendo-se privada de Jesus, diz Landspérgio, porque em sua humildade se julgava indigna de estar ao lado dele e tomar conta de um tão grande tesouro.Não há, certamente, pena mais dolorosa para uma alma amante de Deus, do que o receio de o haver desgostado.
Essas penas de nossa Mãe devem primeiramente servir de conforto às almas que se veem privadas das consolações e da suave presença do Senhor. Cobrem ânimo e não temam por isso ter perdido a graça divina. Esconde-se, muitas vezes, para ser procurado com maior amor e desejo. Mas quem quiser achar Jesus, precisa procurá-lo não entre os prazeres e as delícias do mundo, porém entre as cruzes e penitências.
Se Maria se lamentou da perda do Filho, por três dias, quanto mais deveriam os pecadores chorar a perda da graça divina. Ainda que os pecadores possuíssem todos os bens da terra, tendo perdido a
Deus, tudo o mais outra coisa não é que 'fumaça e aflição'."
- 4ª Dor de Maria - Encontro com Jesus a Caminho do Calvário -
"Partiu Maria com S. João. Da passagem do Filho lhe faltavam os rastros de sangue pelo caminho, conforme ela mesma o disse e S. Brígida. Boaventura Baduário fala de um atalho que a Mãe aflita tomou para ficar depois esperando numa esquina pelo Filho atribulado. Aí estava à espera dele, quando foi reconhecida pelos judeus e deles teve de ouvir injúrias contra seu amatíssimo Jesus.
Maria, à vista do Filho que caminhava para o Calvário, não desmaiou. Não morreu, porque o Senhor a reservava para maiores aflições. Embora não morresse, padeceu, entretanto, tormento suficiente para lhe dar mil mortes. A amorosa Mãe não quer abandonar a seu Jesus, embora vê-lo morrer lhe deva causar grandiosa dor. A frente vai o Filho, e atrás segue a Mãe para ser crucificada com ele, diz Guilherme, abade.
Escreve S. João Crisóstomo: Até das feras nos compadecemos. Víssemos uma leoa acompanhando seus leõezinhos à morte, e mesmo dessa fera teríamos compaixão. E não nos apiedamos de Maria, que vai seguindo o Cordeiro Imaculado, levado ao suplício?
Participemos, pois, de sua dor; com ela acompanhando seu Divino Filho, levando pacientemente as cruzes que nos manda o Senhor.
Pergunta S. João Crisóstomo:
Por que razão quis Jesus Cristo sofrer sozinho nas outras dores, e somente nesta aceitar que o ajudasse o Cirineu a levar a cruz?
E responde:
Para ensinar-nos que só a cruz de Jesus não bastará para a nossa salvação, se não carregamos também a nossa com resignação até à morte."
- 5ª Dor de Maria - Maria Assistiu a Agonia de Jesus na Cruz. -
"Trata-se de uma mãe condenada a ver morrer diante de seus olhos, no meio de bárbaros tormentos, um Filho inocente e muito amado. Contemplai-a junto da cruz, ao lado de seu Filho agonizante e vede se há dor semelhante à sua dor."
Mas de que servia, ó Senhora minha, irdes presenciar no Calvário a morte de vosso Filho? Ah! o vosso coração não cuidava então da própria, e sim da dor e da morte do Filho querido. Por isso quisestes assisti-lo e acompanhá-lo com vossa compaixão. Ó Mãe verdadeira, diz o Vulgato Boaventura, ó Mãe amante, que nem o horror da morte pode separar do Filho amado.
Aquele que então estivesse presente no Calvário, veria dois altares onde se consumavam dois grandes sacrifícios: um era o corpo de Jesus, outro era o coração de Maria. A cruz e os cravos feriram ambos, o Filho e a Mãe; juntamente com o primeiro foi também crucificada a segunda. O que faziam os cravos no corpo de Jesus, operava o amor no coração de Maria. De modo que, enquanto o Filho sacrificava o corpo, a Mãe sacrificava a alma.
Ah! Mãe de todas a mais aflita! ó Maria, a vós é imposto assistir Jesus moribundo, mas não vos é facultado procurar-lhe alívio algum.
Maior ainda era o sofrimento, ao ver que com sua presença aumentava a pena do Filho. 'A plenitude das dores do coração de Maria derramou-se como uma torrente no Coração de Jesus. Sim, Jesus na cruz sofria mais pela compaixão de sua Mãe, que por suas próprias dores. Junto à cruz estava a Mãe, muda de dor; vivia morrendo, sem poder morrer'.
A Virgem não cessava de oferecer à Divina Justiça a vida do Filho pela nossa salvação. Por aí vemos o quanto cooperava pelos seus sofrimentos para fazer-nos nascer à vida da graça. E se nesse mar de mágoas, que era o coração de Maria, entrou algum alívio, então este único consolo foi certamente o animador pensamento de que, por suas dores, cooperava para a nossa eterna salvação."
- 6º Dor de Maria - A Descida da Cruz -
"Almas devotas, escutai o que hoje vos diz a Mãe dolorosa:
Filhas amadas, não quero que procureis consolar-me, porque meu coração já não pode achar consolação na terra, depois da morte de meu caro Jesus. Se quereis dar-me gosto, vinde e vede se houve no mundo dor semelhante à minha, ao ver como me tiraram com tanta crueldade Aquele que era todo o meu amor".
'Um dos soldados lhe abriu (a Jesus) o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água' (Jo 19,34). A esse golpe de lança tremeu a cruz, e o coração de Jesus foi dividido, como por revelação o soube S. Brígida. Saiu sangue e água, pois do primeiro restavam apenas essas últimas gotas. Quis o Salvador derramá-las para nos mostrar que já não tinha sangue que nos dar. A lança, que abriu o lado de Jesus, transpassou a alma da Virgem, que não podia separar-se do Filho.
Eis que descem o Salvador da cruz em que morrera! Ó Virgem Santíssima, destes com tanto amor vosso Filho ao mundo, e vede como ele vos devolve!
Ergue-se a Mãe, relata Bernardino de Busti, estende os braços para o Filho, abraça-o e senta-se aos pés da cruz. Contempla-lhe a boca aberta e os olhos obscurecidos; examina seu corpo rasgado pelas chagas e os ossos descobertos. Tira-lhe a coroa, e vê que horríveis chagas os espinhos fizeram naquela sagrada cabeça.
A Santíssima Virgem revelou a S. Brígida que, quando desceram seu filho da cruz, ela fechou-lhe os olhos, mas não pôde fechar os braços. Jesus dava-nos assim a entender que seus braços hão de ficar sempre abertos para acolher todos os pecadores arrependidos.
O Coração de Jesus foi ferido, diz S. Boaventura, "a fim de nos mostrar pela chaga visível o seu amor invisível."
- 7ª Dor de Maria - Sepultamento de Jesus -
"Uma mãe, que se acha presente aos sofrimentos e à morte do filho, sente e sofre todas as suas dores. Mas depois, quando o vê morto e prestes a ser sepultado, então, o pensamento de deixá-lo, para nunca mais tornar a vê-lo, causa-lhe uma dor que supera todas as outras dores.
Levam o Sagrado Corpo à sepultura. Forma-se o cortejo fúnebre e os discípulos acompanham-no, juntamente com as santas mulheres. Entre as últimas, caminha a Mãe dolorosa, levando também ela o Filho à sepultura. Ter-se-ia a Senhora de boa mente sepultado viva com o Filho, mas, esta não sendo a divina vontade, acompanhou resignada o Sagrado corpo de Jesus ao sepulcro. Era-lhe ardente o desejo de sepultar também sua alma com o Filho.
Maria deixa seu coração sepultado com Jesus, porque lhe é Jesus o único tesouro. "Porque onde está o vosso tesouro, aí está também o vosso coração" (Lc 12,34). E nós onde sepultamos o nosso? Nas criaturas, talvez? no desprezível pó? Por que não em Jesus? Ainda que haja subido ao céu, quis entretanto permanecer no meio de nós no Sacramento, justamente para possuir e guardar nossos corações."
Fonte: http://www.guardiaocatolico.com.br/2016/08/as-7-dores-de-maria-nossa-senhora-por-santo-afonso-glorias-de-maria.html
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AS 7 DORES DE MARIA - (POR SANTO AFONSO, GLÓRIAS DE MARIA)
- 1ª Dor de Maria - Profecia de Simeão -
Disse a Virgem a S. Matilde que essa profecia se lhe mudou toda alegria em tristeza. Efetivamente, como foi revelado a S. Teresa, a bendita Mãe sabia dos sacrifícios que seu Filho devia fazer da vida para a salvação do mundo. Mas naquele momento, de um modo mais particular e distinto, conheceu as penas e a cruel morte, reservada a seu pobre Filho no futuro.
Maria recebeu com suma paz a profecia sobre a morte do Filho, e continuou a sofrer sempre em paz. Mas, vendo sempre diante dos olhos aquele amável Filho, que dor sentiria então continuamente!
Grande foi o tormento de Abraão durante 3 dias de jornada para o monte Moriá, com seu amado Isaac, ciente de que ia perdê-lo. Entretanto, ó Deus! não três dias, mas trinta e três anos, sofreu Maria pena semelhante. Maria revelou a S. Brígida não ter vivido um momento na terra, em que não fosse dilacerada por essa dor.
A aflita Mãe sabia de todos os pormenores das penas preparadas a seu Filho. Ao dar-lhe de beber, pensava no vinagre e no fel que haviam de oferecer. Ao envolvê-lo em faixas, já em mente antevia as cordas de sua prisão. Ao carregá-lo nos braços, recordava a cruz de sua crucificação. Ao vê-lo dormindo, lembrava-se do sono da morte que o esperava.
Ora, se Jesus crescia em estima e amor para os homens, quanto mais então para sua Mãe Santíssima! Mas, ah! com o aumento do amor, mais aumentava também a dor, à só lembrança de perder esse Filho por uma tão cruel morte. E quanto mais se aproximava o tempo da Paixão, mais cruelmente a espada, predita por Simeão, atravessava o coração materno de Maria."
- 2ª Dor de Maria - Fuga para o Egito -
"Logo conheceu a aflita Mãe como já começava a verificar-se no Filho a profecia de Simeão.Viu que, apenas nascido, já o perseguiam e queriam matar. 'Que pesar para o coração de Maria, escreve S. Pedro Crisólogo, ao ouvir a intimação do cruel exílio, ao qual ela e o Filho eram condenados! Foge dos teus para os estranhos, do templo do verdadeiro Deus para a terra dos ídolos!'.
A viagem durou pelo menos trinta dias,era o caminho desconhecido. difícil e pouco frequentado. Estava no inverno e a Sagrada Família teve de viajar debaixo de aguaceiros, neves e ventos, por estradas alagadas e lamacentas. Meu Deus! como excita a compaixão ver essa tenra virgenzinha, com esse Menino recém-nascido ao colo, fugindo por esse mundo!
No Egito sofreram extrema pobreza, durante sete anos que permaneceram escondidos. Eram estrangeiros, desconhecidos, sem rendimentos, sem dinheiro e sem parentes.
Jesus e Maria passaram pelo mundo como fugitivos. Eis uma lição para nós. Temos de viver na terra como peregrinos, sem apegos aos bens que o mundo nos oferece. Pois depressa teremos de deixá-los para passarmos à eternidade.
'Toma o Menino e sua Mãe', disse o anjo a S. José. Aquele que traz com amor a esse Filho e a essa Mãe em seu coração, tornam-se leves e até suaves e agradáveis todas as penas. Amemo-los portando; consolemos Maria, acolhendo em nosso coração a seu Filho, que hoje ainda continua a ser perseguido pelos pecados dos homens."
- 3ª Dor de Maria - Perda de Jesus -
"Quem é cego de nascença, pouco sente a privação da luz do dia. Mas quem já teve vista e gozou da luz, muito sofre vendo-se privado pela cegueira. O mesmo se dá com as almas que estão espiritualmente cegas por causa do pó das coisas deste mundo. Pouco conhecem a Deus e pouco sentem a pena de não o encontrar. Mas aquele que, iluminado pela luz celeste, foi achado digno de alegrar-se simultaneamente do amor e da presença do Sumo Bem, esse sofre amargamente, quando se vê privado de tudo isso. Por aí medimos quanto foi dolorosa para Maria essa terceira espada de dor. Estava acostumada à contínua alegria da doce presença de Jesus, e eis que agora o perde em Jerusalém e dele se vê longe, durante três dias.
Maria nas outras dores tinha Jesus consigo. Padeceu amargamente pela profecia de Simeão no templo. Padeceu na fugida para o Egito, mas sempre com Jesus. Na presente dor, porém, sofreu longe de Jesus e sem saber onde ele estaria.
Que longos foram esses três dias para Maria, a quem eles pareceram três séculos. Dias cheios de amargura, em que nada a podia consolar!
Sofria a Mãe dolorosa vendo-se privada de Jesus, diz Landspérgio, porque em sua humildade se julgava indigna de estar ao lado dele e tomar conta de um tão grande tesouro.Não há, certamente, pena mais dolorosa para uma alma amante de Deus, do que o receio de o haver desgostado.
Essas penas de nossa Mãe devem primeiramente servir de conforto às almas que se veem privadas das consolações e da suave presença do Senhor. Cobrem ânimo e não temam por isso ter perdido a graça divina. Esconde-se, muitas vezes, para ser procurado com maior amor e desejo. Mas quem quiser achar Jesus, precisa procurá-lo não entre os prazeres e as delícias do mundo, porém entre as cruzes e penitências.
Se Maria se lamentou da perda do Filho, por três dias, quanto mais deveriam os pecadores chorar a perda da graça divina. Ainda que os pecadores possuíssem todos os bens da terra, tendo perdido a
Deus, tudo o mais outra coisa não é que 'fumaça e aflição'."
- 4ª Dor de Maria - Encontro com Jesus a Caminho do Calvário -
"Partiu Maria com S. João. Da passagem do Filho lhe faltavam os rastros de sangue pelo caminho, conforme ela mesma o disse e S. Brígida. Boaventura Baduário fala de um atalho que a Mãe aflita tomou para ficar depois esperando numa esquina pelo Filho atribulado. Aí estava à espera dele, quando foi reconhecida pelos judeus e deles teve de ouvir injúrias contra seu amatíssimo Jesus.
Maria, à vista do Filho que caminhava para o Calvário, não desmaiou. Não morreu, porque o Senhor a reservava para maiores aflições. Embora não morresse, padeceu, entretanto, tormento suficiente para lhe dar mil mortes. A amorosa Mãe não quer abandonar a seu Jesus, embora vê-lo morrer lhe deva causar grandiosa dor. A frente vai o Filho, e atrás segue a Mãe para ser crucificada com ele, diz Guilherme, abade.
Escreve S. João Crisóstomo: Até das feras nos compadecemos. Víssemos uma leoa acompanhando seus leõezinhos à morte, e mesmo dessa fera teríamos compaixão. E não nos apiedamos de Maria, que vai seguindo o Cordeiro Imaculado, levado ao suplício?
Participemos, pois, de sua dor; com ela acompanhando seu Divino Filho, levando pacientemente as cruzes que nos manda o Senhor.
Pergunta S. João Crisóstomo:
Por que razão quis Jesus Cristo sofrer sozinho nas outras dores, e somente nesta aceitar que o ajudasse o Cirineu a levar a cruz?
E responde:
Para ensinar-nos que só a cruz de Jesus não bastará para a nossa salvação, se não carregamos também a nossa com resignação até à morte."
- 5ª Dor de Maria - Maria Assistiu a Agonia de Jesus na Cruz. -
"Trata-se de uma mãe condenada a ver morrer diante de seus olhos, no meio de bárbaros tormentos, um Filho inocente e muito amado. Contemplai-a junto da cruz, ao lado de seu Filho agonizante e vede se há dor semelhante à sua dor."
Mas de que servia, ó Senhora minha, irdes presenciar no Calvário a morte de vosso Filho? Ah! o vosso coração não cuidava então da própria, e sim da dor e da morte do Filho querido. Por isso quisestes assisti-lo e acompanhá-lo com vossa compaixão. Ó Mãe verdadeira, diz o Vulgato Boaventura, ó Mãe amante, que nem o horror da morte pode separar do Filho amado.
Aquele que então estivesse presente no Calvário, veria dois altares onde se consumavam dois grandes sacrifícios: um era o corpo de Jesus, outro era o coração de Maria. A cruz e os cravos feriram ambos, o Filho e a Mãe; juntamente com o primeiro foi também crucificada a segunda. O que faziam os cravos no corpo de Jesus, operava o amor no coração de Maria. De modo que, enquanto o Filho sacrificava o corpo, a Mãe sacrificava a alma.
Ah! Mãe de todas a mais aflita! ó Maria, a vós é imposto assistir Jesus moribundo, mas não vos é facultado procurar-lhe alívio algum.
Maior ainda era o sofrimento, ao ver que com sua presença aumentava a pena do Filho. 'A plenitude das dores do coração de Maria derramou-se como uma torrente no Coração de Jesus. Sim, Jesus na cruz sofria mais pela compaixão de sua Mãe, que por suas próprias dores. Junto à cruz estava a Mãe, muda de dor; vivia morrendo, sem poder morrer'.
A Virgem não cessava de oferecer à Divina Justiça a vida do Filho pela nossa salvação. Por aí vemos o quanto cooperava pelos seus sofrimentos para fazer-nos nascer à vida da graça. E se nesse mar de mágoas, que era o coração de Maria, entrou algum alívio, então este único consolo foi certamente o animador pensamento de que, por suas dores, cooperava para a nossa eterna salvação."
- 6º Dor de Maria - A Descida da Cruz -
"Almas devotas, escutai o que hoje vos diz a Mãe dolorosa:
Filhas amadas, não quero que procureis consolar-me, porque meu coração já não pode achar consolação na terra, depois da morte de meu caro Jesus. Se quereis dar-me gosto, vinde e vede se houve no mundo dor semelhante à minha, ao ver como me tiraram com tanta crueldade Aquele que era todo o meu amor".
'Um dos soldados lhe abriu (a Jesus) o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água' (Jo 19,34). A esse golpe de lança tremeu a cruz, e o coração de Jesus foi dividido, como por revelação o soube S. Brígida. Saiu sangue e água, pois do primeiro restavam apenas essas últimas gotas. Quis o Salvador derramá-las para nos mostrar que já não tinha sangue que nos dar. A lança, que abriu o lado de Jesus, transpassou a alma da Virgem, que não podia separar-se do Filho.
Eis que descem o Salvador da cruz em que morrera! Ó Virgem Santíssima, destes com tanto amor vosso Filho ao mundo, e vede como ele vos devolve!
Ergue-se a Mãe, relata Bernardino de Busti, estende os braços para o Filho, abraça-o e senta-se aos pés da cruz. Contempla-lhe a boca aberta e os olhos obscurecidos; examina seu corpo rasgado pelas chagas e os ossos descobertos. Tira-lhe a coroa, e vê que horríveis chagas os espinhos fizeram naquela sagrada cabeça.
A Santíssima Virgem revelou a S. Brígida que, quando desceram seu filho da cruz, ela fechou-lhe os olhos, mas não pôde fechar os braços. Jesus dava-nos assim a entender que seus braços hão de ficar sempre abertos para acolher todos os pecadores arrependidos.
O Coração de Jesus foi ferido, diz S. Boaventura, "a fim de nos mostrar pela chaga visível o seu amor invisível."
- 7ª Dor de Maria - Sepultamento de Jesus -
"Uma mãe, que se acha presente aos sofrimentos e à morte do filho, sente e sofre todas as suas dores. Mas depois, quando o vê morto e prestes a ser sepultado, então, o pensamento de deixá-lo, para nunca mais tornar a vê-lo, causa-lhe uma dor que supera todas as outras dores.
Levam o Sagrado Corpo à sepultura. Forma-se o cortejo fúnebre e os discípulos acompanham-no, juntamente com as santas mulheres. Entre as últimas, caminha a Mãe dolorosa, levando também ela o Filho à sepultura. Ter-se-ia a Senhora de boa mente sepultado viva com o Filho, mas, esta não sendo a divina vontade, acompanhou resignada o Sagrado corpo de Jesus ao sepulcro. Era-lhe ardente o desejo de sepultar também sua alma com o Filho.
Maria deixa seu coração sepultado com Jesus, porque lhe é Jesus o único tesouro. "Porque onde está o vosso tesouro, aí está também o vosso coração" (Lc 12,34). E nós onde sepultamos o nosso? Nas criaturas, talvez? no desprezível pó? Por que não em Jesus? Ainda que haja subido ao céu, quis entretanto permanecer no meio de nós no Sacramento, justamente para possuir e guardar nossos corações."
Fonte: http://www.guardiaocatolico.com.br/2016/08/as-7-dores-de-maria-nossa-senhora-por-santo-afonso-glorias-de-maria.html
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