Nossa Senhora da Clareira - Langenberg
A imagem da Virgem Santíssima, também invocada como Nossa Senhora da Clareira, encontra-se no centro de um belo bosque, atraindo muitos devotos e dispensando abundantes graças
Por Valdis Grinsteins
Nossa Senhora de Langenberg
Numa tarde de sábado, após as reuniões de formação dos jovens, decidimos visitar uma imagem de Nossa Senhora que se encontra no meio da floresta vizinha. Numa peregrinação anterior, essa imagem de bom tamanho (tem mais de 1,5 m de altura) estava um tanto deteriorada pelo passar do tempo. Mas agora estava totalmente restaurada, e foi isto que me chamou a atenção. Havia sido feita uma boa restauração, mas só da imagem, não do resto do parque. Se fosse de todo o parque, nada haveria de extraordinário, mas o fato de beneficiar apenas a imagem indicava que ainda existe em relação a ela alguma devoção. O que me alegrava especialmente, após ver de perto a descristianização dessa zona da Europa, onde são frequentes no domingo as igrejas fechadas, por falta de sacerdotes para atendê-las ou mesmo por falta de interesse nos fiéis.
Se bem que a imagem esteja num parque — os europeus são muito propensos ao contato com a natureza — não deixa de ser verdade que ainda há uma certa devoção a ela. Com frequência vêem-se pessoas passar diante da imagem e ali rezar a Nossa Senhora; outras deixam flores; outras simplesmente ficam sentadas nos bancos do local. Há ainda uma ou outra placa agradecendo um favor recebido.
Como explicar que as pessoas não vão rezar à Virgem Santíssima numa igreja mais acessível, mas tomam o trabalho de caminhar para isso até uma imagem no meio da floresta? Igualmente me deixa sem explicação razoável o fato de jovens, que raramente vão à Missa, participarem da procissão anual que se realiza na segunda-feira de Pentecostes.
Meditando tudo isto, fui à cidadezinha de Falck, à qual a imagem pertence, para tentar tirar a limpo a sua história. A igreja estava fechada, ninguém respondia na casa paroquial. Mas fui muito cordialmente atendido na prefeitura local, onde alguns funcionários e um policial presente rapidamente me conseguiram a solicitada documentação sobre a imagem.
- Não uma, mas várias histórias -
A primeira constatação foi que a imagem conhecida por nós como Notre Dame de la Clairière (Nossa Senhora da Clareira) tem o nome oficial de Nossa Senhora de Langenberg. Provavelmente os dois nomes são usados simultaneamente, sendo um da localidade, e o outro pelo fato de estar numa clareira do bosque.
São três os relatos disponíveis sobre a imagem. O primeiro diz que o guarda florestal François Wilhelm, no ano de 1864, teria se perdido no meio da floresta, devido a forte névoa; e conseguiu encontrar o caminho depois de ter feito a Nossa Senhora a promessa de colocar no local uma imagem d’Ela. O segundo diz que a Virgem teria aparecido ao guarda, junto com São Hubert (padroeiro dos caçadores), e pedido que ele colocasse sua imagem na floresta. A placa existente na entrada do parque tem este segundo relato impresso, para informação dos visitantes. Mas não consta nenhum documento canônico regular, ou investigação de parte do bispo local na época, sendo que em meados do século XIX esse tipo de acontecimento era sempre rigorosamente analisado.
O terceiro relato, que não descarta os outros dois, diz que os sacerdotes redentoristas da localidade de Teterchen tinham o hábito de rezar na floresta, e pediram ao chefe dos guardas florestais, Lointier, que ali colocasse uma imagem. Esse Sr. Lointier, conhecido pela sua piedade, encomendou uma imagem em pedra, que foi solenemente colocada no meio da floresta no dia 11 de novembro de 1866, em presença de cerca de 30 sacerdotes e 1.800 fiéis. Na base da imagem, colocaram um documento com os nomes do pároco, dos guardas florestais e dos conservadores da imagem. Este documento, danificado pela água, encontra-se na prefeitura de Falck, tendo sido retirado quando da restauração da imagem, no verão de 2007.
A veneração popular fez com que uma procissão seja realizada todos os anos até o local, costume piedoso que já tem mais de um século.
- Os caminhos de Nossa Senhora -
Refletindo sobre a devoção a Nossa Senhora através dessa imagem, parece-me que muito ajuda o fato de ela estar na solidão, no meio de um lindo bosque. Na vida moderna, com correrias contínuas, preocupações constantes, agitações consecutivas, pouco tempo nos resta para meditar, ou para simplesmente ficar junto a uma imagem de Nossa Senhora. Porém, para chegar até essa imagem, não se pode usar automóvel, é necessário percorrer a pé um bom trecho. O caminhante, chegando um tanto cansado, tem também este motivo para permanecer ali: não é possível chegar às pressas e voltar correndo.
Pode-se dizer que a Virgem aproveita esse instante de tranquilidade para transmitir suas graças, para fazer pensar em coisas mais altas. Além disso, o habitual é que a pessoa permaneça sozinha com a imagem, ficando a sensação de que Nossa Senhora está ali só para atendê-la, e que tem todo o tempo disponível para dedicar a ela. Depende só de nós estarmos e permanecermos com Ela.
Ambientes assim podem ser encontrados em muitos locais, mas Nossa Senhora serve-se também desses imponderáveis naturais para ajudar nossa religiosidade. Uma parte importante da oração consiste justamente em prestar atenção no que se diz ou no que se pede. No meio da correria urbana, ou com a atenção posta em outras coisas, dificilmente faremos uma oração bem feita. O próprio fato de se sair do contexto, achar-se no meio de um bosque sem ninguém que perturbe, sentir-se protegido pela Virgem Santíssima, presente por suas graças na imagem, faz que ela seja naturalmente atraente.
A isto se soma um fato misterioso, do qual não é possível ter informação concreta: o motivo pelo qual a Virgem deseja dar mais especialmente certas graças a quem reza num local, e não em outro. Quais os motivos de altíssima sabedoria que há nessas disposições divinas? Um dia saberemos.
Em todo caso, a graça atrai numerosas pessoas a esse local, e isso é o que importa. Peçamos que Nossa Senhora nos mostre os lugares onde preferentemente deseja receber este ou aquele nosso pedido. Em sua sabedoria, Ela conhece melhor o que convém para nós e para nosso próximo.
Fonte: http://catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?IDmat=938CEAAF-3048-313C-2E149F16151F3080&mes=Dezembro2007
Por Valdis Grinsteins
Nossa Senhora de Langenberg
Numa tarde de sábado, após as reuniões de formação dos jovens, decidimos visitar uma imagem de Nossa Senhora que se encontra no meio da floresta vizinha. Numa peregrinação anterior, essa imagem de bom tamanho (tem mais de 1,5 m de altura) estava um tanto deteriorada pelo passar do tempo. Mas agora estava totalmente restaurada, e foi isto que me chamou a atenção. Havia sido feita uma boa restauração, mas só da imagem, não do resto do parque. Se fosse de todo o parque, nada haveria de extraordinário, mas o fato de beneficiar apenas a imagem indicava que ainda existe em relação a ela alguma devoção. O que me alegrava especialmente, após ver de perto a descristianização dessa zona da Europa, onde são frequentes no domingo as igrejas fechadas, por falta de sacerdotes para atendê-las ou mesmo por falta de interesse nos fiéis.
Se bem que a imagem esteja num parque — os europeus são muito propensos ao contato com a natureza — não deixa de ser verdade que ainda há uma certa devoção a ela. Com frequência vêem-se pessoas passar diante da imagem e ali rezar a Nossa Senhora; outras deixam flores; outras simplesmente ficam sentadas nos bancos do local. Há ainda uma ou outra placa agradecendo um favor recebido.
Como explicar que as pessoas não vão rezar à Virgem Santíssima numa igreja mais acessível, mas tomam o trabalho de caminhar para isso até uma imagem no meio da floresta? Igualmente me deixa sem explicação razoável o fato de jovens, que raramente vão à Missa, participarem da procissão anual que se realiza na segunda-feira de Pentecostes.
Meditando tudo isto, fui à cidadezinha de Falck, à qual a imagem pertence, para tentar tirar a limpo a sua história. A igreja estava fechada, ninguém respondia na casa paroquial. Mas fui muito cordialmente atendido na prefeitura local, onde alguns funcionários e um policial presente rapidamente me conseguiram a solicitada documentação sobre a imagem.
- Não uma, mas várias histórias -
A primeira constatação foi que a imagem conhecida por nós como Notre Dame de la Clairière (Nossa Senhora da Clareira) tem o nome oficial de Nossa Senhora de Langenberg. Provavelmente os dois nomes são usados simultaneamente, sendo um da localidade, e o outro pelo fato de estar numa clareira do bosque.
São três os relatos disponíveis sobre a imagem. O primeiro diz que o guarda florestal François Wilhelm, no ano de 1864, teria se perdido no meio da floresta, devido a forte névoa; e conseguiu encontrar o caminho depois de ter feito a Nossa Senhora a promessa de colocar no local uma imagem d’Ela. O segundo diz que a Virgem teria aparecido ao guarda, junto com São Hubert (padroeiro dos caçadores), e pedido que ele colocasse sua imagem na floresta. A placa existente na entrada do parque tem este segundo relato impresso, para informação dos visitantes. Mas não consta nenhum documento canônico regular, ou investigação de parte do bispo local na época, sendo que em meados do século XIX esse tipo de acontecimento era sempre rigorosamente analisado.
O terceiro relato, que não descarta os outros dois, diz que os sacerdotes redentoristas da localidade de Teterchen tinham o hábito de rezar na floresta, e pediram ao chefe dos guardas florestais, Lointier, que ali colocasse uma imagem. Esse Sr. Lointier, conhecido pela sua piedade, encomendou uma imagem em pedra, que foi solenemente colocada no meio da floresta no dia 11 de novembro de 1866, em presença de cerca de 30 sacerdotes e 1.800 fiéis. Na base da imagem, colocaram um documento com os nomes do pároco, dos guardas florestais e dos conservadores da imagem. Este documento, danificado pela água, encontra-se na prefeitura de Falck, tendo sido retirado quando da restauração da imagem, no verão de 2007.
A veneração popular fez com que uma procissão seja realizada todos os anos até o local, costume piedoso que já tem mais de um século.
- Os caminhos de Nossa Senhora -
Refletindo sobre a devoção a Nossa Senhora através dessa imagem, parece-me que muito ajuda o fato de ela estar na solidão, no meio de um lindo bosque. Na vida moderna, com correrias contínuas, preocupações constantes, agitações consecutivas, pouco tempo nos resta para meditar, ou para simplesmente ficar junto a uma imagem de Nossa Senhora. Porém, para chegar até essa imagem, não se pode usar automóvel, é necessário percorrer a pé um bom trecho. O caminhante, chegando um tanto cansado, tem também este motivo para permanecer ali: não é possível chegar às pressas e voltar correndo.
Pode-se dizer que a Virgem aproveita esse instante de tranquilidade para transmitir suas graças, para fazer pensar em coisas mais altas. Além disso, o habitual é que a pessoa permaneça sozinha com a imagem, ficando a sensação de que Nossa Senhora está ali só para atendê-la, e que tem todo o tempo disponível para dedicar a ela. Depende só de nós estarmos e permanecermos com Ela.
Ambientes assim podem ser encontrados em muitos locais, mas Nossa Senhora serve-se também desses imponderáveis naturais para ajudar nossa religiosidade. Uma parte importante da oração consiste justamente em prestar atenção no que se diz ou no que se pede. No meio da correria urbana, ou com a atenção posta em outras coisas, dificilmente faremos uma oração bem feita. O próprio fato de se sair do contexto, achar-se no meio de um bosque sem ninguém que perturbe, sentir-se protegido pela Virgem Santíssima, presente por suas graças na imagem, faz que ela seja naturalmente atraente.
A isto se soma um fato misterioso, do qual não é possível ter informação concreta: o motivo pelo qual a Virgem deseja dar mais especialmente certas graças a quem reza num local, e não em outro. Quais os motivos de altíssima sabedoria que há nessas disposições divinas? Um dia saberemos.
Em todo caso, a graça atrai numerosas pessoas a esse local, e isso é o que importa. Peçamos que Nossa Senhora nos mostre os lugares onde preferentemente deseja receber este ou aquele nosso pedido. Em sua sabedoria, Ela conhece melhor o que convém para nós e para nosso próximo.
Fonte: http://catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?IDmat=938CEAAF-3048-313C-2E149F16151F3080&mes=Dezembro2007
Comentários
Postar um comentário